14 fevereiro 2009

Desconectar

Bom, já é amanhã. Comecemos, pois. Escolhi como primeiro assunto aquele lance de falar mais sobre as letras do Self Defense. Começando do começo, faixa 1 do disco "De Mãos Vazias", de 2008. Você ouve essa música aqui ou aqui.

Falando da música em si, ela tem uma pequena vinheta no início, que é uma conversa do Contin (baixista) com um senhor que eles (os outros da banda) encontraram numa parada de estrada numa viagem qualquer. Ok, explico melhor, deixando a preguiça de lado. Eu estava em Criciúma, na casa da minha namorada, e convidei o resto da banda para passar um final de semana por lá. Na volta da viagem eles pararam no Sinuelo, uma parada tradicional da BR 101, nesse trecho Florianópolis - Curitiba. Lá encontraram o Senhor Alvelino Santos de Souza, que cantou uma moda de viola em troca de alguns cigarros, se não me engano. Na vinheta de abertura do disco, o Contin pede pra que ele cante mais uma moda e o grava com o celular.

Ainda sobre a música, ela tem participação especial de Gabriel Zander, o Bil, nos vocais. Pra quem não sabe, o Bil é vocalista do Zander e ex-vocalista de bandas como Deluxe Trio e Noção de Nada. Tipo uma lenda viva do hardcore nacional. Ele produziu e mixou nosso disco e faz uma participação matadora nessa música. Vamos então, à letra:

Se o horizonte é cinza e tantas nuvens negras me impedem de ver além dos passos que já dei;
Se o chão firme desaba e não há onde me apoiar pra me manter sincero ao que eu acreditei;
Mentiras não bastaram, mas trouxeram uma certeza: agora eu sei que posso te surpreender.

É um sonho a mais ou a ilusão que o leva a se desconectar de si mesmo ou uma fração num processo ou auto-destruição que o leva a crer...

Que o horizonte é cinza e tantas nuvens negras me impedem de ver além dos passos que já dei;
Se o chão firme desaba e não há onde me apoiar pra me manter sincero ao que eu acreditei;
Mentiras não bastaram, mas trouxeram uma certeza: agora eu sei que posso te surpreender.


Basicamente, essa letra relata minha (falta de) experiência com as drogas ilícitas. É uma tentativa de entender o porquê do uso, uma aflição que eu tinha (tenho?) em ser (ao que parece) uma das únicas pessoas que não encontra prazer, diversão ou o que quer que seja no uso dessas substâncias. O trecho que fala sobre as pessoas que procuram se desconectar de si mesmas veio de uma entrevista com o Green Day que eu vi no YouTube há uns 3 anos. Eu nunca mais encontrei esse vídeo e não lembro exatamente do que eles falavam, mas lembro do Billie Joe dizendo o fragmento "pra se desconectar de si mesmas". Aquilo ficou na minha cabeça e eu anotei como referência. Copiei descaradamente depois, mas é assim que é.

Então comecei a divagar sobre alguns motivos que levariam as pessoas a isso. A primeira frase retrata uma situação em que a pessoa não vê saída. O horizonte é cinza e ela não é capaz de enxergar mais nenhum palmo a sua frente. E segue dizendo que o chão firme desaba, como se todas as certezas que ela tinha até então tivessem desaparecido. Essa frase também pode significar a MINHA falta de certezas, quando coisas em que eu acreditava (no caso, de que drogas não servem pra mim) talvez possam ser diferentes. Estou me perguntando, basicamente: se "todo mundo" usa, alguma coisa aí tem! O que será? E eu penso na possibilidade de entrar nessa, experimentar, quando digo que "não há onde me apoiar pra me manter sincero ao que eu acreditei", porque todos com quem eu converso sobre o assunto tem uma desculpa, tem um relato, uma experiência que faz eu pensar que talvez valha a pena (em tempo: não vale). Depois, quando digo que mentiras não bastaram mas agora estou certo que posso te surpreender, é minha negativa final pra entrar nessa. Pra mim, é ilusão, são mentiras. Mas ainda assim, posso entrar nesse mundo sem realmente experimentá-lo. Posso rir com (e de) vocês todos, "usuários recreativos", sem os efeitos colaterais.

Minhas opiniões sobre o assunto vem no refrão. Pra mim, isso tudo é muleta para fracos. É só mais um sonho, é uma ilusão, é algo que as pessoas procuram porque não se conformam em ser simplesmente elas mesmas. Essa busca pra sair de si, porque a realidade é difícil demais pra enfrentar de cara limpa. E é uma pequena fração em todo esse processo de autodestruição. E aí temos algo interessante, que é esse mesmo processo de autodestruição que leva as pessoas a acreditarem que não há saída. Entendem o círculo vicioso? O processo o leva a crer que o horizonte é cinza. Mas foi por acreditar que não há saída que o cara entrou nesse processo. E assim vai, dando voltas no lugar.

Talvez agora essa música deixe de ser a preferida de algumas pessoas que se sintam ofendidas com a explicação, mas eu gostaria realmente de estender a discussão aí nos comentários. À vontade, todos vocês!

13 fevereiro 2009

Procrastinador Crônico

São mais de seis meses sem postar aqui. Durante esse tempo todo, pelo menos uma vez por dia eu tive uma idéia de post. E não escrevi nada por quê? Não sei, também. Preguiça, muito provavelmente. Mas eu prometo tentar, já que atualizo com freqüência (não espere novas ortografias por aqui) meu Flickr, meu Fotolog, meu Orkut, etc.

Pretendo fazer um post onde analiso as letras que fiz pro Self Defense, uma por uma. Pulando aquelas de amor muito óbvias do começo, provavelmente. Talvez isso funcione melhor na comunidade da banda, no Orkut. De qualquer forma, posso postar nos dois lugares.

Quero escrever sobre ter quase 30 anos; sobre minhas divagações existencialistas; sobre o emprego que eu consegui (e logo depois perdi) no ano passado e sobre o quanto meu chefe era um escroto. Sobre filmes que vi, livros que li e discos que ouvi. Sobre as viagens que fiz, minha mudança de curso na faculdade. Sobre os trabalhos que têm aparecido esse ano. Sobre meus motivos pelos quais passei a acreditar que não vale a pena ter filhos. Sobre minha espiritualidade e religião. E sobre o quanto todas essas minhas opiniões podem mudar completamente da noite pro dia (exceto, talvez, a de que meu ex-chefe é um escroto). Tem muita coisa pra eu discutir (sozinho?) por aqui, mas vou sempre deixando pra depois. Procrastinando.

Assunto há. Tempo pra escrever, também. Então ok, me comprometo a atualizar isso em intervalos menores. Mas vou deixar pra começar amanhã.