09 março 2010

Sick of it all

O iTrip, dispositivo que permite que você ouça as músicas do seu iPod no rádio do carro por frequência FM, é uma mão na roda. Já falei sobre como ele me livrou dos gigantescos cases de CD. O problema é que ainda não adquiri o costume de montar playlists e jogar no shuffle um iPod com mais de 30 mil músicas geralmente faz com que você ouças coisas que não está muito afim (ou sequer lembrava que tinha no aparelho). Há tempos eu não tenho copiloto pra trocar as músicas por mim, então essa tarefa é um pouco perigosa, no trânsito. Não mais do que fotografar dirigindo, coisa que faço mais do que deveria, mas ainda assim, perigoso.

Essa introdução imbecil é só pra dizer que, numa dessas trocas de disco, acabei escolhendo "qualquer um" e caiu "The Bragg & Cuss" do Rocky Votolato. Eu vinha pra faculdade já com aquela nuvem de melancolia sobre mim quando as baladas desse americano de Dallas, Texas, começaram a "piorar" as coisas. Estudo à noite e agora, com o fim do horário de verão, saio de casa nos últimos resquícios da luz do dia. No horizonte a serra do mar se silhuetava em tons de vermelho. As nuvens lilás com uma faixa vermelho-sangue anunciando o sol a se por. O trânsito lento.

Tudo aquilo me deu a vontade de dirigir além do meu destino. Até que a gasolina do carro acabasse, e então eu sairia andando até que, sei lá... minhas pernas sucumbissem pelo esforço ou qualquer outra coisa que me fizesse parar. Simplesmente para não estar mais aqui. Pra não estar mais assim.

Nos últimos tempos é cada vez mais raro eu fazer o que realmente tenho vontade. Por diversos motivos. Hora por (falta de) saúde, hora por (falta de) dinheiro, muitas vezes por falta de um pouco mais de força de vontade mesmo, assumo. Hora porque não depende só de mim e ainda mais raras são as vezes em que as minhas vontades coincidem com as da outra pessoa. Minhas costas queimam e me impedem de dormir bem, mesmo com o colchão e travesseiro especiais. Minha mandíbula dói, parece fora do lugar, me impedindo de dormir bem, mesmo com os remédios. Meu peito se aperta e a angústia cresce, me impedindo de dormir, independente dos meus esforços pra relaxar, não criar tantas expectativas.

O caminho tem sido tortuoso, com doses imensas de azar e desencontros. Reclamar não adianta, eu sei. É inclusive muito chato pra quem acompanha. Eu sei. E tenho buscado outros caminhos. Minha vida profissional está em uma de suas melhores fases. Acabei de adquirir um equipamento novo com o qual eu sonhava há tempos. Tenho me encontrado mais com meus amigos e passo momentos incríveis com eles, me divirto. O problema é quando vou embora, quando chego em casa. Quando estou sozinho. O problema é estar sozinho há tempo demais. Muito sozinho. E por isso essa vontade de sumir daqui. De estar em outro lugar. De viver outra vida qualquer. De sair dirigindo até a gasolina acabar e depois andar até minhas pernas cansarem... até eu cansar. Porque estou cansado. De tudo.