01 maio 2010

"Mais estradas...

... menos lar."
(Deluxe Trio - Mais Uma Tarde Na Estrada, Sem Você)

Sexta-feira, 16 de abril de 2010. Acordei um pouco antes do meio dia pra arrumar a mala e conferir meu equipamento. Roupas limpas, baterias carregadas, sono quase em dia. Estava pronto e ansioso pra segunda etapa da turnê. A partir de agora viajaríamos com uma van alugada, levando backline de baixo e guitarra na carreta e com a companhia do Marcos “Chero”, tatuador e piercer aqui de Curitiba que mora com o Luan e faria esse corre com a gente como roadie.

Minha casa fica no caminho pra BR 101, então encontrei com os caras num posto de gasolina aqui perto. Entrei na van e estava rolando um DVD do Rage Against the Machine. Os próximos seriam os que eu levei. Pearl Jam, Slayer, Metallica e nessa pegada chegamos em Jaraguá do Sul por volta das 15:30. O Foston nos deixou na mão de novo, então paramos num posto e acionamos o China, organizador do evento na cidade e grande fera. Em instantes ele pintou por lá com alguns blóders pra nos salvar e guiar até o local do show.

Nós já sabíamos que o show tinha mudado de local por questões de alvará, mas não fazíamos ideia do que nos esperava. Chegando ao London Pub, por volta das 16:15, pra conhecer a casa, descarregar o backline e passar o som, nos surpreendemos. Pelo que nos foi passado, é a casa mais boy da cidade. Parece ser, mesmo. Era a primeira vez que o local receberia uma banda de hardcore. Teríamos o público do Zander, que havia comprado ingresso antecipado, mas o grosso da galera seria o público normal da casa. Interessante. Durante a passagem de som, o DJ residente se mostrou unbrazer total, soltando com desdém frases do tipo “eu vou estar com o decibelímetro ligado e, se passar, eu vou cortar” ou “banda de rock geralmente quer extrapolar no volume” e “nossa casa está situada num bairro nobre, então não pode exagerar”. Eu ouvia isso imaginando o Sanfs, todo sério, aumentando o Mesa Boogie no talo e pensando “foda-se, não vai ser esse cara que vai impedir a brasa de ser mandada!”.

Mais uma vez estávamos famintos, então o China nos levou até a Pizzaria Napolitana, que descontava a falta de criatividade do nome no cardápio bastante variado. Ainda assim, pecando pelo excesso de comodismo e falta de brasa, os caras pediram as pizzas mais padrão do universo (calabresa e 4 queijos??? Tá de brincadeira!) e mais uma estupidez completa vegetariana / brócolis. Eu e o Marcelão olhávamos pro cardápio com pizzas de coração, camarão, bacon (também conhecido como "vida" ou "Deus") e demais tentativas de delícia e não conseguíamos nos conformar com aquilo. Como dizem, a fome é o melhor tempero, então tudo bem. Da pizzaria seguimos pra casa do China, onde fomos muito bem recebidos pela mãe do cara. Ali tomamos banho e nos arrumamos pro show, munidos de novas camisetas fornecidas gentilmente pela Eighteen, marca que o China representa. O cara ainda conseguiu a extensão que precisávamos pra ligar os amps nos transformadores (tínhamos amplis 110 pra uma tour em SC, onde tudo é 220), correria total! Perto das 22:30, partimos. Era hora de show no London Pub.

"Hoje eu vim vender minha carne. Vai levar ou não?"
(Deluxe Trio - Abate)

Como o show seria num horário de balada, aproveitamos pra ficar ali na área externa, que conta com mesas e um bar braseiro, conferindo a flora e fauna locais que ia entrando aos poucos. O China mal podia conter sua alegria com a fila enorme e a casa enchendo, dava gosto ver o guri correndo de um lado pro outro. Agora duas coisas precisam ser ditas sobre Jaraguá do Sul e o London Pub: 1) rivalizou com Cascavel no quesito mulher bonita. A seu favor, o fato de que as mulheres estavam no local do show, não na balada ao lado. 2) O London Pub tem talvez o melhor chopp Heineken que já tomei na vida. Cremoso como poucos, muito bem tirado. Tomei seis ainda antes do show começar.

No intervalo entre as bandas de abertura o "DJ Unbrazer" soltava música eletrônica, hip hops gringos genéricos e as top 10 de qualquer rádio, fazendo a galera dançar. Na real a galera dançava do mesmo jeito com as bandas de rock tocando, era engraçado. O clima estava ótimo, o público era bonito e tinha também a galera do róque pra garantir o circle pit. Conhecemos o figuraça Bananeira, um tiozão roqueiro que é lenda na região por plantar bananeiras durante os shows de rock. Com toda a humildade e simpatia, o cara veio até a mesa pedir permissão ao Zander pra curtir o show "de cabeça pra baixo". Fera!

Apesar de ser uma casa top, as condições de luz não eram exatamente as que a gente encontra pra fotografar no Master Hall ou no Moinho (ou é Hellooch? Sei lá, muda sempre), por exemplo. O teto era muito alto, então eu poderia esquecer qualquer rebatimento de flash vindo de cima. De qualquer forma, raramente as condições são ideiais e quem fotografa show sabe que cada um é um desafio diferente e poucas regras e fórmulas servem pra tudo. O Zander mandava sua brasa habitual enquanto eu ia me adaptando às novas condições. Pelo menos a típica luz vermelha não estava presente. No lugar dela, as maravilhosas luzes azuis, roxas e brancas. Sensacional!

Fotos do show em Jaraguá do Sul; London Pub:
http://venancio.tumblr.com/post/532779240/zanderjaragua

Fim de show, som de balada, uma banda cover ainda se apresentaria... resolvemos ficar por ali mais um tempo, curtindo o pós. Camisetas trocadas, desodorante repassado, mais chopps e caipirinhas (a de vinho outro cara tomou no meu lugar, infelizmente), o clima estava propício pra azaração e Curtição dos Jovens. A confraternização com a galera local é uma das partes mais bacanas durante as turnês. Conhecer novos lugares, novas pessoas, novíssimas experiências. Muito legal, mesmo. Teve até um acidente automobilístico envolvido e depois disso eu estava dirigindo um Peugeot automático pelas ruas de Jaraguá, aparentemente sem destino. Quatro errantes. Loucura. Nos escondendo nas sombras. Que loucura... Depois ainda conhecemos o Oca, uma das maiores feras locais e dono do Bar do Oca (não diga), onde era pra ter rolado o show. Local totalmente roots e tradicional, onde a galera destruiu quilos de costela com maionese de batata e demais guloseimas madrugada adentro. Horas depois estávamos mais uma vez na residência do China, desmaiando em colchões e camas que o cara foi buscar não sei onde pra nos abrigar. Tô dizendo, o cara é correria master.

Acordei com o chamado pro almoço. Tomei um banho e encontrei o pessoal nos fundos da casa do China, onde mais uma vez a mãe do cara pecou pelo excesso de hospitalidade e nos preparou um BAITA rango braseiro. Chinemo, agradeça sua mãe forever. A todos os teus blóders e a você também, sem palavras. Foi tudo do caralho!

"E não é por medo, e nem nunca foi..."
(Noção de Nada - Planos à esquerda)

Colei com o Chero no mercadinho da esquina e abastecemos o cooler com mais cerveja. Tínhamos mais algumas horas de estrada pela frente, até Criciúma, local do próximo show. Um turbilhão de emoções diferentes começava a se formar dentro de mim. Eu não sabia dizer se me importava com isso. Eu realmente não sabia o que esperar. Pouco antes de sairmos, passei no banheiro e deixei tudo isso por lá. Era só um torcicolo intestinal, afinal de contas.

A seguir: Criciúma / Floripa e os primeiros perrengues.

7 comentários:

Anónimo disse...

Acidente de carro? Vc se machucou?
Meu deus, nem quero imagina o teu estado hahahaha
Nem sabia que Jaraguá tinha um cena forte ao ponto de trazer vcs pra tocar lá.
Os outro lugares que vcs foram até tudo bem, tem nome e respeito.

Venâncio Filho disse...

Foi um acidente leve, ninguém se machucou. Na real foi até engraçado!

E po, Jaraguá, até então, teve o maior público... foi foda!

Anónimo disse...

Menos mal então
bateram como?
Pelo jeito não era teu carro hahaha
Po que bom que foi bastante gente, a gente sempre se surpreende em lugares assim... pra melhor.
Só faltou aí um relato melhor de como os caras tocaram no palco.

China disse...

Cara, a Cena de jaraguá sempre teve presente... unico problema é q o pessoal nao gosta de fazer as coisas... muito menos de se mecher, é mais facil viajar Km, do que correr atráz das coisas!!

é q a melhor coisa de tudo não esta em tirar lucro do evento, e SIM, criar uma amizade, 1 laço de Fámilia até posso dizer...

Venâncio muito bom oq tu escreveu meu querido!, minha mãe ta com os olhos cheios de lágrimas lendo isso ahahaha, ela te mandou 1 beijão!

D. Amélia é Demais!

obs* esqueceu de cometnar q mais 1 miliante se juntou a vcs no resto da trip,,, o Rudi Roadie!
uhahauhhaeuh

forte abraço meu amigo!

Venâncio Filho disse...

O Rudi Roadie vai entrar no próximo post hahah valeu mais uma vez por tudo aí, cara. Abração!

MGk disse...

do jeito que você fala, costela e maionese de madrugada tem glamour, er.

m.R. disse...

Uma coisa meio BBB? Toca eletrônica, toca funk, vai banda de rock e as gurias continuam dançando do mesmo jeito?!

E o lance da caipirinha foi uma metáfora, né? HAHAHA