24 abril 2010

"Camisas do Iron Maiden...

... de Porto Alegre a Manaus."
(Zander - Senso)

Eu já conhecia o aeroporto de Porto Alegre, mas era tudo que eu tinha visto da cidade até então. Tinha combinado com o resto da banda que nos encontraríamos ali pra esperar o Knela, que organizou o show na cidade. Como o check in no hotel seria ao meio dia, iríamos todos juntos. Só que quando cheguei, às 11:40 de domingo, não havia ninguém lá.

Pensei comigo: "os caras tão se escondendo, é Pegadinha do Mallandro, daqui a pouco eles saem de trás de uma pilastra gritando RÁÁÁ!" Nada. Liguei no celular do Luan, caixa postal. A mesma coisa com os celulares do Bil, do Marcelo e do Léo. E agora, eu entro no próximo avião e volto pra casa!? Tentei ligar pra todos eles mais umas 48 vezes, até que o celular do Léo me respondeu com uns chiados macabros. Parecia aquelas gravações de filme de ET, com mensagens escondidas, tipo "fodeu, vai morrer todo mundo". Alguns minutos depois recebo uma ligação de um número desconhecido. Era o celular do Sanfs, o único que parecia funcionar naquele momento e único que eu não tinha anotado. Deveria.

Sanfs (ou Sanfona, ou Gabriel Arbex), é o cara mais centrado do Zander. O "Todo Sério". Você olha pro semblante do cara tomando um café, fumando um cigarro ou concentrado no laptop e sabe que ali está um cara em quem pode confiar. Imagino que seja o mesmo sentimento que os companheiros de banda devem ter quando o vêem esmirilhando seu instrumento, no palco. Sanfona não está ali pra brincadeira, amigo. Mas com certeza está se divertindo muito, o tempo todo.

"Queimo os meus pés, eu sei, mas não volto por nada."
(Deluxe Trio - 15 Quadras)

Com as intruções passadas pelo Knela (outra fera do rolê) por telefone, encontrei o ônibus da Infraero que me deixou na passarela do metrô. Meio metrô, meio trem... não sei bem o que é aquilo. Eu só sabia que tinha que descer na Estação Mercado. Vi que era a última, então não tinha como errar. Era 12:00am de domingo, estava bem vazio, foi rapidinho. Desci na estação e era pra ter alguém ali me esperando. Não tinha. Novas intruções por telefone, mais quadras andando com os pés arrebentados. Obviamente a rua até o Lido Hotel era uma subida. Jóia. Porto Alegre é bonita nessa região ali, aos domingos, ruas vazias. Não foi um sacrifício. Às 12:42 eu estava no pequeno quarto. Coloquei as pilhas e baterias pra carregar, ocupando cada tomada livre do quarto, arranquei o tênis e as meias pra dar um descanso pros meus pés, em estado deplorável, e desmaiei assistindo Rambo na televisão.

Quando acordei e tentei caminhar até o banheiro (não mais do que 2 metros), meus pés gritaram. Preparei um novo curativo e, após um convite bastante educado recebido por SMS pedindo para que eu liberasse o quarto (não me perguntem pra quê), desci até o hall e perguntei onde encontraria uma farmácia aberta. Pra minha sorte, eram só mais 3 quadras subindo a rua. Mertiolate, mais band-aid, esparadrapos e algodão. Voltei ao hotel e como algo na comunicação entre os pares deu errado, pude subir pro quarto e descansar mais um pouco.

Chegamos no Entre Bar lá por 20:00 e a última banda de abertura já estava tocando. Descarregamos e na entrada já senti que o esquema seria tenso. O lugar é BEM pequeno e estava ficando cheio. Guardamos o equipo num quartinho e começamos a confraternização com os locais. Público muito bonito, pessoas simpáticas, logo estava conversando sobre fotografia com a Amanda, uma garota que tem bastante experiência fotografando bandas ali. Ela me deu dicas valiosas de posicionamento e do que eu poderia esperar quando o show começasse. Valeu! Fizemos nossa janta de sanduíches caseiros e coca-cola no meio da galera, conversando e nos reconhecendo.

"Que seja breve, mas intenso!"
(Noção de Nada - Um Segundo)

Cerca de 100 pessoas se aglomeraram num espaço onde cabiam 60, em frente ao palco, e muita brasa foi mandada naquele local. Eu me senti como o Tux fotografando os shows de hardcore sXe, levando empurrões, chutes, cotoveladas e pisadas no pé (sim, aquele pé que já estava naquelas condições). Mas estava felizão pela intensidade do momento. A galera de PoA estava fazendo o melhor show da tour até então. Uma aula no palco e fora dele. Microfone falhando, PA estourando, amplificadores que não aguentaram a pegada... mas a intensidade só cresceu, a cada música. Diferente do que acontece em outros lugares, em que os rapazotes costumam se aproveitar das meninas que se atrevem a dar stage dives, em PoA eu vi garotas LINDAS preocupadas ZERO com a maquiagem e o cabelo se enfiando na roda, se divertindo muito e cantando as musicas no ponting finger sinistro, sendo respeitadas por todos. Mais uma aula!

O Entre Bar tem um teto bem baixinho, mas pelo menos era branco! Tá certo, era um branco cheio de desenhos de ETs, duendes e Bob Marleys, mas o flash era rebatido e consegui algumas fotos que acredito traduzirem o que foi o show. Perto do final do show a Amanda me salvou mais uma vez, conseguindo pra mim um lugar em cima do palco pra eu variar um pouco o ângulo. Era bastante apertado. Tem uma foto que eu fiz do Sanfs nesse dia, um super close do rosto dele, que traduz bem a distância em que eu estava do cara. Não tem muito zoom, é aquilo ali mesmo. A dificuldade maior nesse dia foi fazer com que a lente não ficasse embaçada por mais de 20 segundos. Era praticamente impossível com todo aquele calor humano e suor no ar. Mas rolou.

Fotos do show em Porto Alegre; Entre Bar:
http://venancio.tumblr.com/post/515962402/zanderpoaum

Depois do show rolou mais uma cervejinha, confraternização com a galera local, flertes, sedução e decidimos que a noite seria no Cabaret do Beco. Nos disseram que ia rolar uma noite black. Passamos no hotel pra tomar banho (outro, dessa vez com água que não era suor) e decidimos ir a pé pra balada. Minha coluna mandava recados por intermédio do nervo ciático de que aquilo tinha sido uma má ideia. Os pés já não reclamavam mais, depois da verdadeira pantufa de algodão e esparadrapos que eu criei. Caminhamos por Porto Alegre na madrugada, o lugar me lembrava um pouco Buenos Aires. Comentei isso com o Sanfs, que morou 3 anos por lá, e ele me confirmou que realmente lembrava.

Chegamos no local 00:50, famintos (de novo). Mandamos um sanduíche imenso (tradição na cidade, todo lanche lá é imenso) e entramos no Beco. Estava bem vazio mas o som estava incrível. Algumas cervejas e vodcas foram suficientes pra soltar o esqueleto dos mais tímidos e logo estávamos mandando brasa na pista, dançando clássicos do real funk (e do carioca também). Conheci uma garota incrível com quem dividi algumas Heinekens. Há muito tempo eu não me divertia como naquela noite. Os que permaneceram solteiros voltaram juntos num taxi e nosso comentário era "uma noite braseira de verdade é aquela em que você não pega ninguém e mesmo assim se diverte muito". Não sei até que ponto isso era sincero da nossa parte ou era desculpa pra frustração sexual, mas foi assim. Acabamos na frente do hotel conversando sobre mulheres e relacionamentos, cada um contando seu caso. Essa conversa, aliada às Heinekens da noite, me fez gastar R$0,30 num SMS que eu achei que não mandaria tão cedo. Subimos e rolou uma nova divisão de quartos, porque alguns deles já estavam ocupados por, digamos, pessoas que não faziam parte da equipe original. Um pouco de internet até a adrenalina baixar e logo eu estava dormindo como se não houvesse amanhã.

A seguir: Canoas, Bárbaros Vikings e o show extra em Porto Alegre.

2 comentários:

Emy disse...

Ri lendo seu post. Gosto do jeito que escreve, ate mesmo do modo que descreve os fatos. Engracado, mas nao forcado, diria com uma pitada de sarcasmo, sutil, nao sei explicar, mas ta bem legal.
Continue escrevendo!

Anónimo disse...

Já começou com a putaria hahahaha
Esse foi o primeiro show que a raça pegou mulher?
Que vida boa rapaz!
Também quero