23 abril 2010

Maringá

Ou "deus da brasa pra quem não sabe mandar".

A van é dormitório, refeitório e sala de conferências, durante uma turnê como essa. A viagem de Cascavel para Maringá serviu para que colocássemos em dia as aventuras musicais/psicotrópicas/sexuais/alcoólicas e ríssemos muito. Cascavel deixou saudades e se tornou parada obrigatória de qualquer próxima turnê. Mesmo que seja no Leste Europeu. A essa altura o "Meu Rei" já tinha a pontuação muito afrente de nós todos.

"Não vamos controlar medos, impulsos e desejos."
(Deluxe Trio - Impulso)

Meu Rei é como chamamos o baterista Leonardo Mitchell, mais um baiano que faz parte desse balaio que é o Zander. Na verdade eu acho que ele é nascido no Rio, mas morou muitos anos em Salvador antes de voltar e se juntar ao Zander no Rio de Janeiro. Ele trás consigo essa aura zen, sempre muito tranquilo, mas a ferocidade da malandragem carioca logo fica evidente quando ele assume as baquetas e manda jazz, funk e hardcore misturado no groove. Pessoalmente, eu não vi ele perder uma sequer, sempre no beat. Fera!

Enfim, chegamos em Maringá e acionamos o Foston (GPS) pra encontrar o Pub Fiction. Não deu muito certo e apelamos pro método old school: perguntar pras pessoas onde ficava a tal Av. Rio Branco. Encontramos o local e em poucos instantes o cara que abria o bar apareceu também. Agora adivinhem como era o pico. Certo, luzes vermelhas e tudo pintado de preto. Lá vamos nós de novo... descarregamos os equipamentos e enquanto a galera do Falling for You passava o som, seguimos para a chácara do Chiquinho na cidade vizinha, Marialva. O clássico rango underground nos esperava: macarrão. Muito macarrão. Esse estava especialmente bom, com duas opções de molho e muita carne moída. Não sei se foi a mãe do Chiquinho que cozinhou pra gente, mas de qualquer forma, obrigado você que preparou esse macarrão! Eu estava faminto (situação que se repetiu com frequência). O Falling For You se juntou a nós e ao Amnesia e comemos como se não houvesse amanhã. A galera do digestivo encontrou o que queria enquanto eu me degladiava com uma porta de banheiro que insistia em permanecer aberta. É uma técnica ninja obrar segurando a porta, mas consegui. Na segunda etapa (aquela que envolve o papel higiênico) eu larguei o foda-se (e a porta aberta) e quem quisesse que fosse olhar. Saquei da mochila um pacote de lenços umidecidos íntimos e esse foi o meu banho nessa noite. Em seguida era hora de show no Pub Fiction, partimos de volta pra Maringá.

Chegamos bastante cedo, antes mesmo da casa abrir, e aos poucos um pessoal foi se aglomerando na entrada do bar. Isso significa que o pessoal já estava savatage, escolhendo vítimas em potencial. Entre elas, uma deusa acompanhada de um cara que levou 90 minutos pra lhe dar um selinho e obviamente estava querendo ser sua melhor amiga, não namorado. Realmente, deus dá brasa pra quem não sabe mandar. Me apaixonei 4x antes mesmo de o show começar, mas segurei minhas frases típicas mais sinceras (a saber: "te amo", "foge comigo" e "eu pago"). A primeira banda que tocou era local, não me recordo o nome. Depois o Falling For You deu seu recado e em seguida o Amnesia fez seu melhor show, finalizando com um cover do Sugar Kane que esquentou bem o público. A essa altura eu já tinha me apaixonado pela quinta vez, dessa vez de verdade, mas a guria mais linda do Pub Fiction me deixou a ver navios, obviamente. Eu devia ter soltado um "foge comigo" quando tive a chance.

Enfrentei alguns problemas técnicos nesse show. Pra começar, até então eu não havia tido a chance de recarregar pra valer as pilhas do flash, então o jogo que eu tinha durou 2 cliques e morreu. No escuro do Pub eu demorei quase 1 musica inteira pra achar outro set de pilhas carregadas dentro da mochila. A luz era tão precária que mesmo minha 50mm 1.8 com ISO alto não estava dando conta, mas no final tudo se resolveu. Geralmente a saída pra quando a luz vermelha está incomodando é setar a câmera pra PB e largar o flash direto. Isso resolve a maioria dos casos, mas testei também alguma coisa com baixa velocidade e movimento.

Fotos do show em Maringá; Pub Fiction:
http://venancio.tumblr.com/post/513452889/zandermaringa

"Paguei pra ver até onde vão me levar meus pés enquanto estão no ar"
(Deluxe Trio - Meus Pés Enquanto Estão No Ar)

O show acabou bastante tarde. Carregamos a van correndo, me despedi dando um beijo no rosto da guria que ficou com um pedaço do meu coração (te amo, foge comigo... eu pago!) e partimos pro aeroporto. Era hora de nos separarmos dos braseiros do Falling for You e Amnesia. Deixamos pra trás novos amigos, com a promessa de voltar sempre, e seguimos fazer o check in. Meu vôo era separado do resto da galera, uma hora mais tarde. Eu não estava pronto pra sentir o maior sono que já se apoderou de mim na vida. Mesmo o wifi do aeroporto não foi suficiente pra me manter ocupado. Pra piorar, eu havia deixado o cabo USB na mala maior, que foi com a banda no outro avião, e não tinha como descarregar as fotos dos shows passados. A manhã se arrastou e eu começava a delirar de sono quando meu vôo foi chamado. Dentro da aeronave eu apaguei e acordei em Campinas, no Aeroporto Internacional de Viracopos. Eu não entendia direito essa conexão, já que deveria estar indo pra Porto Alegre... mais uma hora sofrendo de sono no saguão e meu segundo vôo foi chamado. Mais uma vez, apaguei em instantes e acordei na capital gaúcha.

A seguir, Porto Alegre.

1 comentário:

Anónimo disse...

Seus texto são sempre incríveis! Não vejo a hora da continuação.